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Personagem / Espaço / O narrador / Modos de representação e de expressão

Personagem

A personagem é um ser ficcional em torno do qual gira a acção do texto narrativo.

As personagens definem-se em função do seu relevo ou intervenção na acção:

Personagens principais ou protagonistas – as que assumem o papel mais importante;

Personagens secundárias – as têm uma intervenção menor;

Figurantes - as que não têm qualquer interferência na acção.

A identificação de uma personagem corresponde á atribuição de um nome.
A caracterização das personagens revela-se através de um conjunto de atributos, traços, características físicas e psicológicas –
retrato físico e retrato psicológico – moral.

Quando as características físicas e psicológicas das personagens são apresentadas pelo narrador, pelas outras personagens ou pela própria personagem, fala-se de caracterização directa; quando as características psicológicas ou morais podem ser deduzidas a partir das atitudes, do comportamento, das emoções, da maneira de falar das personagens, fala-se de caracterização indirecta.

Relativamente á construção da personagem, ela poderá ser construída sem profundidade e com um reduzido número de atributos – personagem plana (repete, por vezes com efeitos cómicos, gestos, comportamentos, «tiques» verbais); ou poderá possuir complexidade bastante para revelar uma personagem vincada – personagem modelada (revela o seu carácter gradualmente de uma forma imprevisível).

 

 

Espaço

O espaço é o lugar ou lugares onde decorre a acção.
Distinguem-se três tipos de espaço, que nem sempre se encontram em todas as narrativas: o espaço físico, o espaço psicológico e o espaço social. A multiplicidade dos espaços ocorre apenas nas narrativas de maior extensão e complexidade, como a epopeia e romance.

O espaço físico é o conjunto dos componentes físicos que servem de cenário ao desenrolar da acção e à movimentação das personagens.

Assim, o espaço físico integra os cenários geográficos (espaço físico exterior) e os cenários interiores, como as dependências de uma casa, a sua decoração, os seus objectos, etc. (espaço físico interior). O espaço físico pode constituir apenas o cenário da acção ou ter também uma função importante na revelação do carácter e do comportamento das personagens. Neste caso, convém considerar a variedade dos aspectos de espaço: se abrange ou não uma grande extensão, se identifica geograficamente determinada região, se é um espaço natural ou construído pelo homem, rural ou urbano, no país ou no estrangeiro.

O espaço psicológico é a vivência do espaço físico pelas personagens ou lugar do pensamento e da emoção das personagens. Assim, por exemplo, os locais evocados pela memoria correspondem ao espaço psicológico. Por outro lado, em relação ao mesmo espaço, a personagem pode experimentar diferentes sentimentos, conforme o seu estado de espírito ou condições exteriores, como se as condições atmosféricas.

O espaço social consiste nas relações sociais, económicas, políticas e culturais entre as personagens. Constitui-se através das personagens figurantes e das personagens-tipo, correspondendo à descrição de um determinado ambiente que ilustra, por exemplo, vícios e deformações de uma sociedade, servindo então para expressar uma intencionalidade crítica.

A descrição é um modo de representação das três espécies de espaço.

 

O narrador

O narrador é um ser ficcional, não devendo ser confundido com o autor real que o cria. O narrador tem a função de enunciar e organizar o discurso; é ele que nos transmite um mundo inventado ou recreado numa narrativa.

Distinguem-se diferentes tipos de narrador, tendo em conta a sua presença ou ausência no universo da narrativa, a adopção de determinado ponto de vista e o grau de conhecimento que demonstra ter da historia que conta.

Relativamente à presença, narrador classifica-se como participante ou não participante. O narrador participante é aquele que se integra no mundo narrado, estando presente na acção de dois modos possíveis: participante como personagem (narra na primeira pessoas, podendo ser também o protagonista) ou participante como observador (narra na primeira pessoa, mas não interfere na acção, limita-se a acompanha-la). O narrador não participante exprime-se na terceira pessoa e esta ausente do universo narrativo.

Em relação ao ponto de vista adoptado, o narrador classifica-se como objectivo ou subjectivo. Se o narrador revela imparcialidade, ou seja, se não assume posição face aos acontecimentos, é objectivo. Se o narrador é parcial, ou seja, se afirma ou sugere o seu ponto de vista, é subjectivo.

O narrador caracteriza-se também em função do conhecimento da historia: ele pode fingir que sabe apenas o que presencia, em quanto personagem ou observador, ou manifestar um total conhecimento da acção e das personagens, ou seja, revelar que sabe mais que as personagens.

 

Modos de representação e de expressão

O texto narrativo pode apresentar várias modalidades de discurso.

O discurso narrador, mais próximo da ficção narrada, apresenta-se sob as formas de:
 -

 Narração – relato de acontecimentos e de conflitos, situados no tempo e encadeados de forma dinâmica, originado a acção(verbos de movimento e formas verbais do pretérito -perfeito , imperfeito e mais-que-perfeito);
               

         - Descrição – informações sobre as personagens, os objectos, o tempo e os lugares, que interrompem a dinâmica da acção e vão    desenhado os cenários(verbos copulativos ou de ligação ou formas verbais do pretérito imperfeito).

O discurso das personagens, mais distantes do narrador, apresenta-se sob as formas de: 
      

       - Diálogo - interacção verbal ou conversa entre duas ou mais personagens(discurso directo com registos de língua variados);

    - Monólogo – conversa da personagem consigo mesma, discurso mental não pronunciado ou pronunciado, mas sem ouvinte                   (discursodirecto com frases simples e reduzidas, muitas com suspensões).

 

Discurso Directo/ Discurso Indirecto/ Discurso Indirecto livre

Num texto narrativo, o narrador dispõe de três processos para dar a conhecer os pensamentos e as falas das personagens: o discurso directo, o discurso indirecto e o discurso indirecto livre.

 O discurso directo reproduz as palavras pronunciadas pela personagem, integradas numa situação de enumeração. Este discurso pode ser antecedido ou seguido de um verbo de tipo declarativo (dizer, afirmar, declarar, perguntar, interrogar, responder) ou destacado através do uso do travessão, das aspas e, geralmente, da mudança de linha.

A mãe perguntou-lhe: - A que horas chegas?

A Joana respondeu: «- No máximo, às 10 horas.»

O discurso indirecto dá conta das palavras da personagem, mas modifica-as, de modo a integrá-las gramaticalmente no discurso do narrador; assim, a fala da personagem é retirada da situação de enunciação.

A mãe perguntou-lhe a que horas chegaria.

A Joana respondeu que, no máximo, chegaria às 10 horas.

O discurso indirecto livre une as falas da personagem e o discurso do narrador. As palavras da personagem são modificadas, mas as marcas de oralidade mantêm-se.

A mãe riu-se, tão cedo? A Joana aproveitou e propôs, então às 11!

 

 

Discurso directo

Discurso indirecto

Discurso indirecto livre

Orações

Orações independentes

Uma oração subordinante e uma oração subordinada

Orações independentes

Pronomes pessoais

Eu, tu, nós, vós

Ele, ela

Eles, elas

Ele, ela

Eles, elas

Determinantes e pronomes

Este, esse, isto, isso, meu, teu

Aquele, aquilo, seu, sua

Aquele, aquilo, seu, sua

Advérbios (indicações de espaço e tempo)

Aqui, cá, agora, já, hoje, ontem, amanhã

Ali, lá, então, logo, naquele dia, no dia anterior, no dia seguinte

Ali, lá, então, logo, naquele dia, no dia anterior, no dia seguinte

Verbos

Presente, Pretérito perfeito, Futuro do indicativo, Modo imperativo

Imperfeito, Pretérito-mais-que-perfeito (simples ou composto), Condicional, Modo conjuntivo

Imperfeito, Pretérito-mais-que-perfeito (simples ou composto), Condicional, Modo conjuntivo